A depressão é uma doença da contemporaneidade que afeta milhões de pessoas. A sensação de vazio, tristeza profunda e ausência de energia vital podem culminar na falta de vontade de viver.
Principais características
A depressão é um transtorno mental que atinge atualmente milhões de pessoas no mundo inteiro. Segundo dados da OMS (2018/2019) mais de 330 milhões de pessoas sofrem com depressão. No Brasil, houve um aumento de 20% na última década, sendo hoje 5,8% os brasileiros que sofrem desse transtorno.
Infelizmente ainda há muito julgamento e preconceito relacionados a esse transtorno e pensamentos do tipo: “Isso é coisa de gente fraca, que não consegue enfrentar os desafios da vida” ou “ele não tem motivo para se sentir assim, afinal tem um bom trabalho que remunera bem, família com saúde, bons amigos, etc.”
Ao pensar dessa forma, estamos enxergando o outro sob a nossa ótica, sob a nossa perspectiva. A vivência da depressão é única e singular e por isso devemos olhar a pessoa que sofre sob a ótica dela própria, para que possamos entender a forma com que percebe sua realidade, seu mundo e suas relações.
A depressão é resultante de inúmeros fatores que se relacionam e exercem influência entre si, sendo eles psicológicos, biológicos, sociais e situacionais. Desta forma, além de buscar compreender o contexto de como o transtorno se configurou na vida do sujeito, não podemos deixar de considerar o histórico familiar do indivíduo. A depressão pode atingir qualquer um.
O sentimento de quem sofre de depressão é de derrota, desesperança e grande impotência, existindo uma falta de energia vital, como se algo tivesse parado de funcionar no indivíduo. A sensação descrita comumente é que a pessoa não consegue “sair do buraco”. Por mais que tente e se esforce, não consegue sair desse lugar, reforçando assim seu sentimento de ser incapaz e impotente.
Causas
As causas nem sempre são claras ou visíveis. As pessoas que sofrem de depressão muitas vezes não conseguem identificar o porquê de estarem se sentindo de tal forma. A causa parece ser difusa.
Podem estar relacionadas a vários fatores como situações estressantes (transtorno de estresse pós-traumático), morte ou adoecimento de alguém querido, desilusão afetivo/amorosa, problemas financeiros, falta de sucesso profissional, traumas físicos ou psicológicos sofridos, uso de drogas, dentre outros.
Sintomas e diagnóstico: como identificar a depressão?
Dentre os sintomas mais comuns temos o choro constante, tristeza profunda e persistente, alterações no sono e apetite, cansaço excessivo, perda de energia, sensação de apatia e desânimo, baixa autoestima e autoconfiança, visão pessimista do futuro, sentimentos de inutilidade ou culpa, perda de interesse e prazer em quase todas as atividades, inibição das funções mentais (atenção e concentração reduzidas) e, em casos graves, ideação suicida. O indivíduo parece estar desconectado dele mesmo e do mundo. Seu olhar é vago, distante.
É importante observar que tais sintomas devem durar pelo menos duas semanas para que se possa considerar um quadro de depressão. Além disso, tais sintomas não devem ter relação com acontecimentos identificados ou então devem persistir por um longo período de tempo após o término destes. Essas observações são importantes para que não se confunda um estado de tristeza profunda com depressão.
A tristeza surge como resposta a um fato ou acontecimento específico muito dolorido para a pessoa, de grande significado para ela. Pode vir acompanhada de muita angústia e choro mas é temporária, passageira. Já na depressão, há um desequilíbrio no funcionamento do sujeito como um todo, havendo a tristeza persistente e outros sintomas atrelados, podendo incluir o desejo de não existir.
Tratamento
Existem vários níveis de depressão, variando da mais leve a mais grave, que necessita de acompanhamento psiquiátrico com uso de medicação. A depressão pode constituir um fator de risco para o suicídio se não for devidamente acompanhada e tratada. É uma doença que interfere na vontade de viver da pessoa, sendo essa questão muitas vezes verbalizada por quem sofre de depressão.
A terapia, juntamente ao uso da medicação apropriada, é muito recomendada e eficaz para favorecer o alívio da dor e do sofrimento, de forma que a pessoa possa retomar um caminho de crescimento e desenvolvimento.
SOBRE A AUTORA
Roberta Carvalho, Psicóloga (CRP: 05/60634) formada há 14 anos pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com MBA em Gestão de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e formanda em Gestalt Terapia pelo ICGT.
Atendimento online e presencial:
Referência Bibliográfica:
Quadros clínicos disfuncionais e gestalt-terapia / organização Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu. São Paulo: Summus, 2017.
Comments